Conheça a história de Ipeúna…
Publicado em: 23 de setembro de 2019
Como tudo começou….
Publicaremos uma série de artigos que contará a história de Ipeúna, com o intuito de torná-la conhecida. Parto do princípio que se não conhecemos a história do local onde vivemos, como poderemos ter embasamento para poder projetar ou compreender seu futuro? Como poderemos transmitir as futuras gerações a importância da preservação local se sua história não é conhecida? Acredito que os moradores e pessoas que convivem em um local só terão o sentimento de “pertencimento” a ele se souberem e conhecerem sua história e os personagens que o construíram, para a partir daí, valorizar e entender melhor como seu espaço foi construído.
Foto: Divulgação
O primeiro tema a ser abordado será sobre o início de formação territorial, que em consequência da descoberta do ouro na Província do Mato Grosso e Goiás, desde o ano de 1718, desbravadores criaram rotas em toda a Província de São Paulo. Nesse momento existiam duas principais rotas, o roteiro pelos rios compreendendo o Rio Tietê até o Rio Paraná e o caminho pelo sertão que passava por nossa região. Seu percurso previa a saída de Itu, buscando por terra o Rio Capivari até chegar a região de Piracicaba. Partiam da cachoeira do Rio Piracicaba, permeando campos de elevações suaves até se depararem com o paredão da Serra do Itaquerí, onde encontraram uma passagem mais baixa e descampada, entre os Morros da Guarita e Morro Pelado, em direção aos “Sertões de Araraquara” rumo às minas de ouro em Mato Grosso e Goiás.
Nesse momento, os “Sertões do Morro Azul” onde hoje se situa o município de Ipeúna, era uma região quase desabitada ocupada por índios, mamelucos (mestiços de brancos com índios ou brancos com caboclos) e posseiros que ocupavam grandes extensões de terra para especulação. Constituíam-se, nos paredões das serras, uma fronteira natural separando as áreas já ocupadas nas regiões do Rio Piracicaba e Capivari das terras ainda não desbravadas.
O impulso definitivo para o desenvolvimento desta região foi desencadeado pela doação de grandes sesmarias: a do Morro Azul, a de Piracicaba e a do Corumbataí, ocorridas no final do século XVIII e início do XIX. As cartas de Sesmarias eram documentos passados pelos governadores de províncias ou donatários para doar terras garantindo a posse do território ocupado com o intuito de torná-las produtivas. Os sesmeiros contemplados eram moradores de outras regiões como Piracicaba, Mogi Mirim, Jundiaí e Santos, com disponibilidade financeira para promover a exploração econômica dessas terras. O período entre os anos de 1817 e 1821 configurou-se na fase mais representativa do povoamento dessa região e garantiu a continuidade de sua ocupação como também definiu sua estrutura fundiária, uma vez que as grandes fazendas, monocultoras e escravistas, formaram-se a partir da divisão dessas sesmarias.
O mais antigo documento encontrado que cita o Bairro Passa Cinco é uma Certidão de Casamento de escravos da propriedade do Capitão Mor Estevan Cardoso de Negreiros, localizados na Igreja Matriz de São João Batista do Ribeirão Claro, datado de 16.02.1833, onde consta serem moradores do Bairro Passa Cinco. Acredita-se que neste momento não se usava o termo distrito, e sim bairro, pois a região de Ipeúna ainda não pertencia a cidade de Rio Claro, e somente em março de 1897, conforme Lei Estadual 500, foi criado um Distrito de Paz com o nome de Santa Cruz do Passa Cinco.
Referencias:
CARVALHO, Mara L. S. Aspectos espaciais do processo de urbanização de Ipeúna, SP. Rio Claro: Trabalho de Finalização de Graduação. Faculdade Asser, 2014.
MACHADO, Hélia Maria de Fátima. Uma História para Ipeúna. Dissertação (Mestrado). Rio Claro: UNESP, Geografia, 2004.
Por: Mara Lígia Scotton De Carvalho; Arquiteta Urbanista, mestranda em Geografia pela Universidade Estadual Paulista/UNESP – Campus Rio Claro/SP
Fonte: https://www.oregionalonline.com.br/conheca-a-historia-se-ipeuna/
Publicado por: Câmara
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